Madeira à prova de fogo
Um novo tipo de revestimento promete limitar drasticamente a inflamabilidade da madeira usada na construção civil, evitando o incêndio ou reduzindo sua propagação – no mínimo proporcionando mais tempo para que as pessoas possam escapar dele.
No Hemisfério Norte, onde a quase totalidade das residências é feita de madeira, incêndios florestais têm se espalhado e atingido áreas habitadas, com um preço enorme em termos de mortes, ferimentos e perda de propriedades.
Já existem diversos tratamentos retardadores de fogo empregados nos materiais de construção, mas os ingredientes são tipicamente tóxicos. Esta nova alternativa apresentada agora é mais simples de aplicar, ambientalmente benigna e também pode custar menos.
“Este tipo de tratamento, que pode ser aplicado por imersão, pulverização ou tratamento por pressão, pode tornar as residências muito mais seguras,” disse o professor Thomas Kolibaba, da Universidade A&M do Texas, nos EUA. “O revestimento pode reduzir a propagação de chamas e a produção de fumaça, o que pode limitar os danos e dar às pessoas mais tempo para escapar.”
O novo retardante de chama ecológico também pode ser usado para outros materiais inflamáveis, como tecidos, espuma de poliuretano e peças impressas em 3D.
Revestimento antichama para madeira
A maioria dos materiais retardadores de chamas é baseada na tecnologia de revestimentos feitos com polieletrólitos. O revestimento é formado pela imersão do material a ser protegido em uma solução contendo um polímero ricos em cargas elétricas positivas, seguido por uma imersão em outra solução contendo um polímero rico em cargas negativas. Esse procedimento é repetido várias vezes, até atingir a espessura desejada.
As cargas opostas atraem as moléculas de polieletrólitos nas camadas alternadas para formar complexos sobre a superfície do material, criando assim um revestimento que impede o fogo.
Kolibaba e seus colegas queriam estender esse tratamento à madeira, uma vez que o processo de várias etapas não é viável para os fabricantes porque a madeira leva muito tempo para absorver esses produtos químicos, além de exigir reatores muito grandes.
Eles conseguiram reduzir o número de etapas para apenas duas: Um único mergulho, para revestir a madeira com os compostos antichama, seguido da exposição à luz ultravioleta para curar o revestimento. Para isso, Kolibaba usou o polímero polietilenimina (carregado positivamente), o monômero hidroxietil metacrilato fosfato (HMP) e um fotoiniciador conhecido como TPO (óxido de trimetilbenzoilfosfina).
O revestimento resultante é transparente e com apenas alguns micrômetros de espessura, de modo que ele não altera a aparência da madeira, apenas aumentando ligeiramente seu peso.
Ao contrário dos revestimentos anteriores desenvolvidos pela própria equipe, que são mantidos juntos por ligações iônicas, este é mantido por ligações covalentes. Por isso a equipe espera que o material seja também mais resistente à água – e, portanto, mais durável – e possivelmente antifúngico. Eles testarão isso em experimentos de longo prazo nos próximos meses.
Via: Inovação Tecnológica / Imagem: ACS/Thomas J. Kolibaba