Gabiões: onde e por que usar?

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04/09/2021 as 11:16
De olho na Engenharia
Gabiões: onde e por que usar?

Solução centenária já consolidada na engenharia, os gabiões são elementos estruturais formados por malhas metálicas preenchidas com pedras. Passados alguns séculos, esse sistema construtivo extremamente resistente ainda é protagonista em obras de infraestrutura. Na arquitetura, seu uso também passou a ser comum.

Esses elementos são confeccionados por malhas metálicas hexagonais de dupla torção, ou seja, os fios são entrelaçados por voltas duplas. Isso garante alta resistência mecânica para que a tela não se desfaça, além de proporcionar mais eficiência na distribuição de tensões e na estabilidade do conjunto.

Crédito: Acervo Maccaferri

De acordo com o engenheiro Paulo César Ferretti, da Maccaferri do Brasil, os gabiões são confeccionados com fios de aço de BTC (Baixo Teor de Carbono), em cumprimento à NBR 8.964 e à NBR 10.514.  Essa medida aumenta a ductilidade do arame, que possui revestimento metálico de alta durabilidade com liga de zinco + alumínio + terras raras e podem receber, ainda, um revestimento polimérico, eficaz contra intempéries e ataques químicos.

Os gabiões, que são fornecidos em fardos para facilitar o transporte, podem ser carregados e manuseados por empilhadeiras para estocagem, preferencialmente em abrigo protegido. “As peças são padronizadas com dimensões que variam de 1,5 m a 5,0 m de comprimento, larguras de 1,0 m a 1,5 m e alturas de 0,5 m a 1,0m”, informa Ferretti.

Crédito: Acervo Maccaferri

Para o enchimento dos gabiões, deve ser usada pedra limpa, não friável, de bom peso específico e de tamanho superior às aberturas das malhas metálicas. Dessa forma, são mais indicados o basalto, o granito ou o seixo, enquanto rochas em decomposição, arenito ou capa de pedreiras devem ser dispensados.

Usos e vantagens

Segundo Ferretti, os gabiões podem ser utilizados nos mais diversos tipos de obras, como na área geotécnica (muro de arrimo de encostas ou revestimento de taludes), hidráulica (canalização e/ou revestimento de córregos e canais), apoios e proteção de pontes, escadas de dissipação hidráulica, barragens transversais, espigões e proteção de bueiros ou, ainda, em obras de proteção ambiental, como em drenos de aterros sanitários.

Além dessas funções estruturais, os gabiões são frequentemente utilizados como solução arquitetônica, pois se integram facilmente ao meio e conferem rusticidade ao espaço. A Casa Rex, concebida pelo escritório FGMF Arquitetos, é um exemplo. A fachada da edificação é revestida por grandes blocos de gabiões compostos por dois tipos de pedra – arenito vermelho e brita cinza.

Projeto Casa Rex, escritório FGMF Arquitetos – Crédito: Rafaella Netto

De acordo com Ferretti, o conjunto formado pelos fios de aço e as pedras gera um compósito de alta resistência à compressão e à tração, além de ser extremamente flexível, permeável e de fácil configuração geométrica. “Além disso, a estrutura apresenta propriedades monolíticas, pois transfere os esforços para todos os elementos por meio das costuras entre si”, acrescenta.

Projeto e execução

Como a malha metálica pode desgastar com o tempo, recomenda-se revesti-la com algum anti-corrosivo de alta performance. A escolha do material de enchimento também requer cuidados e deve seguir as normas vigentes.

Em função dos materiais utilizados, os gabiões têm execução simples e rápida, que dispensa mão de obra especializada. Essa característica, somada ao baixo custo para aquisição da matéria-prima (pedra), reduz as despesas da obra.

Crédito: Acervo Maccaferri

Conforme complementa Ferretti, o uso dessa solução causa impacto ambiental reduzido, pois trata-se de uma construção seca que dispensa insumos, como concreto ou cimento. Devido aos “vazios”, o elemento construtivo permite a passagem de água por entre as pedras e a integração com o meio ambiente, já que não cria obstáculos para o crescimento de vegetação, por exemplo.

Crédito: Acervo Maccaferri
Crédito: Acervo Maccaferri

Projeto Casa Rex, escritório FGMF Arquitetos – Crédito: Rafaella Netto

Fonte: BlogAEC

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