Com densidade energética de 500 Wh/kg, nova bateria pode acelerar o fim dos motores a combustão e transformar o futuro da mobilidade elétrica
A Huawei deu um passo ousado no cenário da mobilidade elétrica ao registrar uma patente de uma bateria de estado sólido com densidade energética de 500 Wh/kg — o dobro da capacidade das baterias NMC atualmente usadas em veículos como o Tesla Model Y Long Range. Essa inovação promete revolucionar o setor ao oferecer alcances teóricos de até 3.000 km e carregamento ultrarrápido em apenas cinco minutos.
Além de mais leve e segura, essa nova geração de baterias tem menor degradação e maior eficiência energética. Se a tecnologia chegar ao mercado, veículos elétricos com autonomia superior a 1.600 km poderão se tornar comuns, ameaçando definitivamente o domínio dos motores a combustão.
Para resolver um dos principais entraves das baterias de estado sólido — a degradação acelerada — a Huawei propõe uma nova técnica de dopagem de eletrólitos de enxofre com nitrogênio, que aumenta a estabilidade química e prolonga a vida útil da bateria.
Ainda que o carregamento em cinco minutos ainda dependa de uma infraestrutura de recarga mais robusta, a tecnologia já começa a ganhar espaço. Mercados como Europa e Austrália contam com carregadores de 500 kW, e a fabricante BYD está desenvolvendo estações de 1.000 kW. Na China, empresas como Xiaomi, Zeekr e GAC já testam baterias com carregamento ultrarrápido, e a expectativa é que esse avanço se expanda globalmente.
A China lidera essa corrida tecnológica com 7.600 patentes anuais relacionadas a baterias de estado sólido. Fabricantes como Gotion, WeLion e Ginshi Battery já alcançam densidades acima de 350 Wh/kg. Enquanto isso, Toyota, Panasonic e Samsung ainda estão em fase de testes. A CATL, maior fabricante de baterias do mundo, planeja iniciar a produção piloto de baterias híbridas de estado sólido em 2027. Já a Toyota projeta lançar uma bateria com 1.200 km de autonomia até 2030, embora enfrente certo ceticismo no mercado.
Apesar do alto potencial, os custos atuais ainda são proibitivos: entre US$ 1.100 e US$ 1.400 por kWh — até 20 vezes mais caros do que as baterias LFP (fosfato de ferro-lítio), que custam cerca de US$ 50/kWh. Por isso, espera-se que as primeiras aplicações comerciais aconteçam em veículos de luxo e supercarros. Com o tempo, a produção em escala deve baratear a tecnologia e torná-la mais acessível.
Mesmo sem fabricar baterias, a Huawei tem recursos e influência suficientes para se tornar um player estratégico nesse setor. Com um ecossistema tecnológico forte e capital abundante, a empresa pode formar alianças com fabricantes para viabilizar a produção em larga escala.
Mais do que uma inovação técnica, a nova patente da Huawei representa um indicativo claro de que o futuro da mobilidade elétrica será moldado por avanços em materiais e na arquitetura das baterias.
Impactos potenciais da nova tecnologia:
- Redução massiva das emissões: A substituição de veículos à combustão por elétricos de longo alcance pode eliminar uma das maiores fontes globais de CO₂.
- Eficiência energética superior: Menor perda de energia durante carga e uso.
- Menor impacto ambiental: O uso de eletrólitos de sulfeto pode ser mais limpo e menos dependente de materiais críticos como o cobalto.
- Melhor viabilidade de reciclagem: A maior durabilidade facilita a recuperação de materiais e fortalece a economia circular.
- Mobilidade mais verde e acessível: Veículos mais leves exigem menos energia para operar, reduzindo o consumo geral do sistema de transporte.
Com informações de Ciclo Vivo.
Foto: Eren Goldman na Unsplash