Cientistas sugerem uma revolução nas estradas, transformando-as em fontes de energia limpa e promovendo mais segurança para os motoristas.
Imagina só dirigir por uma rodovia coberta de painéis solares, onde cada quilômetro percorrido ajuda a gerar eletricidade e ainda melhora a segurança no trânsito? Pois é, essa ideia futurista está cada vez mais próxima da realidade.
Cientistas da Academia Chinesa de Ciências apresentaram um estudo que propõe cobrir rodovias com painéis solares para aumentar a produção de energia e, de quebra, reduzir acidentes nas estradas. Parece coisa de filme de ficção científica, mas é uma solução inovadora para dois grandes desafios atuais: a demanda por energia limpa e a segurança rodoviária.
Mas qual o motivo atrás das rodovias solares?
A pesquisa publicada na revista Earth’s Future explora como transformar o vasto espaço pavimentado das rodovias em uma plataforma para a geração de energia renovável. A ideia é simples: instalar painéis solares sobre as estradas principais e até nas secundárias.
Assim, além de aproveitar o espaço subutilizado, as rodovias com painéis solares poderiam proteger os veículos das intempéries, como chuva e neve, e ainda gerar eletricidade.
Os cientistas calcularam que, se essa tecnologia fosse aplicada globalmente em cerca de 3,2 milhões de quilômetros de rodovias, seria possível produzir até 17.578 TWh por ano, com uma capacidade instalada de 13.087 GW.
É energia suficiente para abastecer milhões de lares ao redor do mundo. E o melhor: com a inclinação certa dos painéis, a eficiência dessa produção de energia seria maximizada.
Além de aumentar a produção de energia…
Além de aumentar a produção de energia, esse projeto tem um impacto direto na segurança dos motoristas. Segundo o estudo, a cobertura das estradas com painéis solares poderia reduzir as mortes em acidentes de trânsito em até 10,8%.
Isso porque os painéis funcionariam como uma espécie de barreira protetora, especialmente em regiões onde o clima é mais severo. Mais visibilidade, melhor tração e menos acidentes: esse é o combo perfeito que os cientistas estão propondo.
Custos de construção e manutenção
Claro que um projeto dessa magnitude não sai barato. Os custos de construção e manutenção, incluindo limpeza e melhorias na eficiência energética, são desafios significativos. Mas, considerando os benefícios a longo prazo, tanto em termos de produção de energia quanto de redução de acidentes, muitos especialistas acreditam que vale a pena o investimento.
Não é de agora que as rodovias estão sendo analisadas para produção de energia
Essa não é a primeira vez que alguém tenta aproveitar as rodovias para produção de energia. Na Europa, por exemplo, Alemanha, Áustria e Suíça estão testando painéis solares sobre a autoestrada A81 em Baden-Württemberg. O projeto visa avaliar a viabilidade técnica e econômica dessa solução. Já na Califórnia, o arquiteto sueco Mans Tham teve a ideia de cobrir as rodovias com painéis solares no projeto Solar Serpents in Paradise, embora ele nunca tenha sido implementado.
Outro caso interessante foi o projeto piloto na Normandia, França, onde, em 2016, instalaram 2.800 metros quadrados de painéis solares ao longo de uma estrada. Infelizmente, o projeto foi desativado em 2019 devido aos altos custos e problemas com a durabilidade dos módulos.
Nos Estados Unidos, o projeto The Ray continua ativo desde 2015 em um trecho da Interestadual 85, na Geórgia, onde tecnologias renováveis estão sendo integradas à infraestrutura rodoviária
A ideia de cobrir rodovias com painéis solares é uma proposta ambiciosa e cheia de desafios, mas que traz consigo a promessa de transformar a maneira como produzimos energia e garantimos a segurança nas estradas. Se bem implementada, essa solução pode ser uma peça-chave na transição para um futuro mais sustentável e seguro para todos. Resta saber se os governos e as empresas terão coragem de investir nessa ideia revolucionária.
Essa abordagem simples e prática pode ser o próximo grande passo na produção de energia e na segurança das nossas rodovias. Afinal, quem diria que o caminho para um futuro mais verde poderia estar literalmente sob nossos pés?
Fonte: Click Petróleo e Gás / Blog Canal da Engenharia / Foto: Freepik / Reprodução