Durante uma visita à uma pilha de compostagem em Leipzig, no leste da Alemanha, o cientista Christian Sonnendecker e sua equipe encontrou uma enzima (tipo de proteína que catalisa) capaz de decompor o plástico em menos de 24 horas!
Há muito tempo os pesquisadores procuravam por uma proteína poderosa o suficiente para “devorar” o politereftalato de etileno (o famoso PET), que é, de longe, o plástico mais produzido no mundo.
Em laboratório, a enzima encontrada naquela pilha de compostagem, chamada “hidrolase de poliéster” (ou PHL7) desintegrou um pedaço completo de plástico em menos de um dia, ou seja, muito mais rápido que o LCC, a enzima mais usada atualmente para decompor o PET.
“Eu pensava que seria preciso coletar amostras em centenas de locais diferentes antes de encontrar uma dessas enzimas”, afirmou o enzimologista Graham Howe, que estuda a degradação do plástico PET na Universidade de Queen, no Canadá. “Mas, aparentemente, é só ir para a natureza, e haverá enzimas que fazem isso em todos os lugares“.
Enzima ‘devorada’ de plástico
Assim como os resíduos nucleares, o plástico PET não é biodegradável, e nunca desaparece da natureza – ainda que possa ser reciclado e transformado em outros produtos, como sacolas ou garrafas de água.
No entanto, a qualidade dele piora a cada novo ciclo, e seus subprodutos acabam mais cedo ou mais tarde em aterros sanitários.
Assim, os cientistas acreditam que há 2 soluções para resolver esse problema: ou acabamos com a produção de plástico PET ou encontramos uma maneira de decompor grandes quantidades dele em pouco tempo.
A descoberta do PHL7, portanto, pode ser revolucionária nos próximos anos!
Os estudos com a enzima continuam a todo vapor: Christian e sua equipe agora precisam aprender a driblar certas limitações dela pois, embora seja capaz de decompor embalagens plásticas de frutas, por exemplo, ela ainda não consegue eliminar uma garrafa PET por completo porque há muitas alterações químicas.
Em laboratório, a equipe do alemão desenvolveu um pré-tratamento que é aplicado às garrafas PET (e que facilita a degradação do plástico pela enzima), mas essa pesquisa ainda está em desenvolvimento e não foi publicada.
Para Christian, a descoberta da PHL7 poderá, num futuro muito próximo, decompor o PET em larga escala, especialmente se haver investimentos e incentivo por parte dos governos e grandes indústrias mundo afora.
Fonte: DW / Razões para acreditar
Imagem: Divulgação / Clare Roth / DW