Burj Khalifa: o edifício – ainda – mais alto do mundo é uma maravilha da engenharia

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13/11/2022 as 16:06
De olho na Engenharia
Burj Khalifa: o edifício – ainda – mais alto do mundo é uma maravilha da engenharia

O desafio do arquiteto Adrian Smith e do engenheiro William F. Baker para colocar de pé o Burj Khalifa era tão grandioso quanto o próprio edifício que viriam a assinar. Não bastasse projetar o arranha-céu mais alto já construído, tiveram de fazê-lo com a devida segurança sobre um dos terrenos menos propícios.

Com 828 metros de altura e 162 andares, o Burj Khalifa Bin Zayid, nome completo do prédio inaugurado em 2010, está localizado na cidade de Dubai, a capital dos Emirados Árabes, construído no meio do deserto onde o solo funciona como um instável tapete de areia.

Para garantir a firmeza desse verdadeiro colosso, a fundação do Burj Khalifa foi estabelecida como uma peça gigantesca de mais de 45 mil metros cúbicos de concreto, pesando mais de 110 mil toneladas, com 192 estacas de 1,5 metro de diâmetro e 43 metros de comprimento cada uma, enterrando fundo a base do prédio no terreno.

O edifício ainda em construção, em 2008

Para evitar os perigosos efeitos do vento sobre os 162 andares, a solução encontrada veio do próprio desenho: no lugar de uma imensa face reta em resistência, os módulos arredondados contornam e manipulam o vento que sopra de forma segura.

Segundo o escritório Skidmore, Owings and Merrill, para o qual Smith trabalhava e que assina o projeto do edifício mais alto do mundo, a construção do Burj Khalifa exigiu 330 mil metros cúbicos de concreto e 55 mil toneladas de aço.

Projeto de sua base, com 192 estacas de 1,5 metro de diâmetro e 43 metros de comprimento

O concreto precisou ser preparado com mistura especial para resistir ao imenso peso da estrutura do prédio, mas não somente. Para combater o calor durante a construção, que começou em 2004, o cimento não foi derramado durante o dia e, no verão, era misturado a gelo e mantido refrigerado, para que não secasse rápido demais e acabasse rachando.

Um dos observatórios que convidam os turistas e visitantes a verem Dubai do alto do prédio

A quantidade de aço utilizada no prédio seria suficiente para construir uma estrada que percorreria um quarto da circunferência da Terra, e iria dos EUA até o Oriente Médio. O Burj Khalifa consome cerca de 1 milhão de litros de água por dia e gasta energia equivalente a 500 mil lâmpadas de 100 watts, em um edifício tão alto que permite, de seu topo, avistar até mesmo o território de países vizinhos aos Emirados Árabes, como Omã e Irã. Para percorrer os 162 andares, são nada menos que 49 elevadores, que podem subir e descer em uma velocidade de até 10 metros por segundo.

A incrível vista do Burj Khalifa, com a cidade de Dubai lá embaixo

Não é por acaso, portanto, que essa verdadeira maravilha da engenheira foi apelidada de “cidade vertical”. O Burj Khalifa é endereço de diversos hotéis, restaurantes, escritórios, empresas, e mesmo residências, além de observatórios abertos ao público, para desfrutar da inacreditável vista de quase 900 metros de altura – além de piscinas, academias, bibliotecas, lojas e mais.

Os 162 andares do edifício superam com larga vantagem as nuvens que cobrem a cidade

Para combater temperaturas que podem se aproximar dos 50ºC, além de camadas sobre camadas de vidros especiais que refletem o sol, o prédio mais alto do mundo possui uma usina externa, responsável somente por sua refrigeração.

Além de diversos sistemas de segurança e saída, o edifício oferece a cada 35 andares um grande espaço pressurizado e com ar-condicionado onde as pessoas podem se abrigar em caso de incêndio ou outra emergência.

O horizonte da cidade, com outros imensos edifícios, no meio do deserto

E como a ambição humana não reconhece literalmente nem mesmo o céu como limite, o título de prédio mais alto do mundo do Burj Khalifa parece estar com os dias contados. O Jeddah Tower já se encontra em construção na Arabia Saudita, e está previsto para ser inaugurado em 2026 com nada menos do que 1 quilômetro de altura.

Fonte: Hypeness / Wikimedia Commons, Getty Images