Isopor apresenta vantagens como material construtivo: resistência a terremotos e baixo custo são alguns deles.
À primeira vista, a ideia de construir uma casa de isopor pode evocar lembranças de maquetes escolares. No entanto, a realidade é surpreendentemente diferente. Os painéis monolíticos de EPS (poliestireno expandido) – a designação técnica para o isopor – têm encontrado aplicação em um contexto muito mais complexo: na estrutura central de um método de construção. É o que mostrou nas redes sociais o casal Marina Rosa e Michel Icart, que ganhou destaque ao compartilhar o progresso da construção de sua própria residência feita com isopor.
Por meio de vídeos, o casal mostra como o isopor pode ser aplicado em diferentes fases da obra, desde a fundação até a laje, e nas paredes. Na construção da nova casa, Marina e Michel optaram por substituir a tradicional caixaria, utilizada para moldar e sustentar estruturas de concreto, pelo isopor, resultando em um processo mais rápido e em uma considerável redução nos custos totais da obra. Será que a moda pega?
Casa de isopor para regiões quentes
A tecnologia de construção com painéis de EPS teve sua origem na Itália há quase cinco décadas, impulsionada pela necessidade de uma solução que fosse simultaneamente resistente a terremotos e tempestades, além de ser acessível em termos de custo. Com o tempo, a técnica foi aprimorada nos Estados Unidos e disseminada em escala global, chegando ao Brasil na década de 1990.
No entanto, embora apresente vantagens, a adoção desse método construtivo ainda é relativamente limitada e mal compreendida, especialmente em uma região que poderia colher benefícios significativos de suas qualidades – o Nordeste.
No estado do Piauí já existem algumas casas de isopor revestidas com concreto, que têm demonstrado eficiência ao enfrentar as altas temperaturas locais, reduzindo a temperatura interna em mais de 20°C em comparação com a temperatura externa.
Para além do benefício do conforto térmico, essa inovadora tecnologia se destaca por oferecer custos inferiores, maior resistência estrutural e uma abordagem mais sustentável em comparação com os métodos convencionais de construção. A capacidade desses imóveis de mitigar o calor também se traduz em uma significativa economia no consumo de energia.
Casa de isopor: resistência posta à prova
No Japão, as residências construídas com esse material estão se tornando populares devido à sua notável resistência a terremotos, associada a um custo acessível, tempo reduzido de construção e excelentes propriedades de isolamento térmico. Uma conjunção de fatores que tem colocado o isopor como o material de construção do futuro.
A longo dos últimos 15 anos, a Japan Dome House tem comercializado casas de isopor no Japão. Mas foi em 2016 que a demanda por essa forma de infraestrutura cresceu expressivamente. Esse aumento de interesse ocorreu em meio aos impactos de um terremoto de magnitude 7 que atingiu a província de Kumamoto, causando a morte de 49 pessoas e 3 mil feridos. Mais de 44 mil pessoas precisaram ser evacuadas de suas residências, com muitas delas indo viver em abrigos temporários.
No entanto, uma região permaneceu praticamente ilesa: a Zona da Aldeia de Kyushu, um complexo residencial composto por 480 casas construídas pela Japan Dome House. A resistência das casas de isopor ao terremoto de Kumamoto tornou-se um testemunho da eficácia da tecnologia.
Outros países, como a Alemanha, Dinamarca e Estados Unidos, também exploram o potencial da casa de isopor. O Brasil, por outro lado, ainda não adotou amplamente essa tecnologia de construção, mas possui alguns exemplos.
Tecnologia de EPS na construção
O EPS como material de isolamento em diversas aplicações na indústria da construção, diferentemente daquele encontrado em lojas de papelaria, é tratado com propriedades anti-chama e autoextinguíveis, garantindo a não inflamabilidade.
Além disso, o EPS exibe uma capacidade de impedir a entrada de umidade e de manter a temperatura interna dos ambientes, sendo sua eficácia ainda mais aprimorada quando combinado com isolantes adicionais, como a lã de rocha, por exemplo.
O EPS empregado na construção das casas de isopor no Japão é ainda mais diferente do utilizado em outras estruturas de engenharia civil. Em sua composição são incorporados elementos como alumínio, fibra de vidro e polipropileno. Suas chapas são leves e de espessura reduzida, apresentando capacidade autoportante, o que facilita o transporte e a fixação durante o processo de construção.
Fonte: Habitability / Foto: Reprodução/AEAAV