Concreto feito com carbono capturado de indústrias vence prêmio internacional

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26/10/2022 as 09:43
De olho na Engenharia
Concreto feito com carbono capturado de indústrias vence prêmio internacional

Material neutro em carbono foi desenvolvido por estudantes de doutorado de Londres

Um protótipo de concreto neutro em carbono acaba de ganhar o Prêmio Obel 2022. A solução busca amenizar o impacto ambiental da construção civil, cujo setor é responsável por 38% de todas as emissões de CO2 relacionadas à energia, segundo relatório da ONU.

Apelidado de Seratech, o material foi desenvolvido por dois estudantes de doutorado do Imperial College London, Sam Draper e Barney Shanks. Eles descobriram uma maneira simples de eliminar a pegada de CO₂ do concreto: substituir parte do teor de cimento do concreto por um tipo de sílica criada com dióxido de carbono (CO₂) absorvido de chaminés das fábricas.

“A tecnologia captura as emissões industriais de CO₂ diretamente das chaminés e produz um material de substituição de cimento negativo em carbono, uma sílica”, explica a dupla em comunicado à imprensa.

Foto: Helene Sandberg

O site de arquitetura e design Dezeen afirma que somente 40% do teor de cimento pode ser substituído desta forma, mas mesmo assim a captura e armazenamento de carbono usado para fazer o material de substituição resulta que mais carbono é armazenado no concreto do que é emitido em sua produção de cimento, tornando-o neutro em carbono.

Material foi desenvolvido por doutorandos. | Foto: Helene Sandberg

“Embora ainda em ‘nível de laboratório’, o ponto forte da tecnologia é que as matérias-primas utilizadas para os produtos da Seratech – CO2 residual e olivina mineral – são naturalmente abundantes em todo o globo e que a solução se integra aos processos existentes e aos equipamentos utilizados na produção de concreto”, prossegue o comunicado à imprensa.

A dupla defende que o produto é de baixo custo e tem grande potencial para a construção de baixo carbono, podendo, inclusive, ser implementado em todas as fábricas de cimento do mundo sem grandes mudanças nas práticas.

Foto: Helene Sandberg

“É uma honra receber o Prêmio Obel. Essa visibilidade nos ajudará a atrair pessoas na indústria e dimensionar nossa tecnologia. A humanidade não pode se dar ao luxo de gastar 20 a 50 anos ampliando a tecnologia para nos fornecer materiais sustentáveis. Precisa ser agora”, afirmou Sam Draper, um dos desenvolvedores, ao receber o prêmio.

O júri, por sua vez, destacou que “é necessário encorajar ideias ambiciosas e interdisciplinares que não forneçam apenas uma solução temporária ou de pequena escala, nem uma grande mudança irreal nas práticas atuais”.

No futuro, produto pode ser aplicado em construções carbono neutro. | Foto: Helene Sandberg

Fundado em 2019, o Prêmio Obel é concedido anualmente pela Fundação Henrik Frode Obel para homenagear obras ou projetos dos últimos cinco anos que tiveram “excelentes contribuições arquitetônicas para o desenvolvimento humano em todo o mundo”. A cada ano o foco é diferente, sendo que o deste ano são as emissões incorporadas. Em 2021, o projeto vencedor foi o Centro Anandaloy, projetado pela arquiteta Anna Heringer.

Fonte: Ciclo Vivo / Foto destaque: Helene Sandberg

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  • Parabéns . Nosso planeta agradece..